ARTIGO PSJ

ESG e sua importância no mercado imobiliário

Portela Soluções Jurídicas

Escritório de Advocacia

Sumário: 1. Introdução à Certificação ESG no Setor Imobiliário | 2. Benefícios Econômicos das Práticas ESG | 3. O Papel das Tecnologias Sustentáveis | 4. Governança, Inclusão Social e Certificação ESG | 5. Além dos Pilares Básicos do ESG | 6. Incentivos Governamentais e Considerações Finais.

1.Introdução à Certificação ESG no Setor Imobiliário

Atualmente, a certificação ESG (Ambiental, Social e Governança) no setor imobiliário representa um tópico de crescente relevância, especialmente devido à demanda por práticas de negócios mais sustentáveis e responsáveis. As empresas que incorporam essa certificação registram não apenas a valorização dos seus empreendimentos, mas também usufruem de condições de financiamento mais vantajosas. Desde o início dos anos 2000, a sustentabilidade vem ganhando destaque, e em 2004, a ONU, através do Pacto Global, intensificou o diálogo sobre práticas ESG, que englobam aspectos ambientais, sociais e de governança.

Dentro dessa agenda, em 2015, a ONU estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que transformaram a certificação ESG em uma diretriz essencial para as empresas em todo o mundo. Essa transformação visa abordar questões como prosperidade socioeconômica e ambiental até 2030. Empresas brasileiras, seguindo essa tendência global, estão intensificando seus compromissos com o ESG, refletindo positivamente no mercado imobiliário através de valorização e sustentação de práticas éticas e responsáveis.

O impulso para o setor imobiliário brasileiro é palpável, com uma demanda crescente por práticas sustentáveis e transparentes. Isso destaca a importância de obter certificações ESG, que vão além do simples status de mercado, oferecendo benefícios tangíveis e reforçando o compromisso com a sustentabilidade.

2. Benefícios Econômicos das Práticas ESG

Um dos principais atrativos para os incorporadores imobiliários adotarem práticas ESG é a valorização econômica dos empreendimentos. Ainda que as iniciativas sejam mais concentradas em empreendimentos de alto padrão, já se nota uma expansão para outros segmentos do mercado. Embora o custo inicial de empreendimentos alinhados aos princípios ESG seja relativamente alto, os benefícios ao longo do tempo tendem a compensar.

Esses benefícios incluem uma maior reputação da marca, que atende as expectativas das gerações mais novas, como a Geração Z, que valoriza práticas corporativas sustentáveis. Além disso, a redução significativa nos custos operacionais, devido à eficiência energética e à gestão de resíduos, também torna os empreendimentos mais atraentes financeiramente.

Os imóveis que adotam tais práticas têm experimentado uma valorização do mercado, consequência direta da procura por propriedades que incorporam padrões ESG. Essa valorização reflete-se tanto em propriedade residencial quanto comercial, criando um mercado mais robusto e resiliente.

3. O Papel das Tecnologias Sustentáveis

A implementação de tecnologias sustentáveis é fundamental para atingir os altos padrões exigidos para a certificação ESG. No setor imobiliário, isso significa adotar medidas que aumentem a eficiência energética das edificações durante a construção e operação, reduzindo significativamente o consumo energético e as emissões de carbono.

Essa aplicação não se limita a novas construções; retrofitar prédios antigos para torná-los alinhados aos padrões ESG é igualmente importante. Práticas como a gestão eficaz de resíduos, onde a reciclagem e a reutilização são priorizadas, ajudam a mitigar o impacto ambiental do setor, um dos maiores consumidores de recursos naturais e energéticos.

No âmbito da governança, as empresas são encorajadas a implementar políticas transparentes que garantam uma gestão responsável dos recursos, promovendo a prestação de contas e a transparência. Estes elementos, quando bem implementados, não apenas aumentam a eficiência operacional, mas também criam um ambiente de confiança com investidores e clientes.

4. Governança, Inclusão Social e Certificação ESG

A base sólida para a certificação ESG no setor imobiliário é construída em práticas de governança eficazes, onde a transparência e a ética são fundamentais. Políticas bem implementadas garantem que as empresas atuem de forma responsável, prestando contas de suas operações e estratégias.

Além disso, a inclusão social é um aspecto vital da certificação ESG. Projetos imobiliários com preocupações reais incluem acessibilidade para pessoas com deficiência e a criação de espaços comunitários, promovendo a inclusão e criando ambientes mais integrados e acolhedores para todos. Essas práticas não apenas impulsionam a responsabilidade social corporativa, mas também fortalecem os laços com as comunidades locais.

A combinação dessas práticas não apenas melhora o desempenho ambiental das edificações, mas também fortalece a conexão das empresas com as comunidades, solidificando uma governança sólida e transparente. Em última análise, esse alinhamento com diretrizes ESG abre caminho para um desenvolvimento econômico mais equitativo e sustentável.

5. Além dos Pilares Básicos do ESG

Com a crescente importância de práticas sustentáveis, aspectos como diversidade e inclusão, saúde e bem-estar, e inovação, entre outros, ganham destaque como complementos poderosos para os pilares de meio ambiente, sociedade e governança.

Além dos pilares básicos de ambiental, social e governança, existem diversas áreas onde o ESG pode agregar valor:

a) Diversidade e Inclusão


  • Reflete um compromisso com uma sociedade mais equitativa.



  • Promove inovação e melhora a tomada de decisões.



  • Empreendimentos valorizando diferentes gêneros, etnias e backgrounds.


b) Saúde e Bem-Estar


  • Integração de princípios de design biófilo.



  • Espaços verdes e zonas de relaxamento.



  • Promoção do bem-estar mental e físico dos ocupantes.


c) Ações Sociais e Comunitárias


  • Iniciativas educacionais e projetos de revitalização.



  • Apoio a causas sociais e envolvimento comunitário.



  • Demonstração de compromisso com o desenvolvimento local.


d) Ética nos Negócios


  • Promoção de práticas de governança transparente.



  • Políticas anticorrupção e proteção dos direitos dos acionistas.



  • Reforço da confiança e integridade corporativa.


e) Tecnologia Sustentável


  • Implementação de sistemas inteligentes e eficientes.



  • Construção inteligente e automação predial.



  • Redução do impacto ambiental através da tecnologia.


f) Educação e Conscientização


  • Formação de stakeholders sobre importância do ESG.



  • Inspiração a práticas sustentáveis em investidores e moradores.


g) Cadeia de Suprimentos Responsável


  • Seleção de fornecedores comprometidos com ESG.



  • Garantia de qualidade e manutenção da reputação empresarial.


h) Inovação e Adaptação


  • Resposta às demandas climáticas e sociais atuais.



  • Diferenciação competitiva através de práticas criativas e sustentáveis.



6. Incentivos Governamentais e Considerações Finais

Governos ao redor do mundo, incluindo o brasileiro, têm implementado políticas de incentivo para fomentar a adoção de práticas ESG no setor imobiliário. Esses incentivos incluem compensações ambientais, descontos no IPTU e a priorização no licenciamento de projetos que adotem práticas sustentáveis.

Tais medidas são essenciais para acelerar a transição para uma economia mais sustentável, incentivando as empresas a buscarem certificações que não apenas minimizam o impacto ambiental, mas também promovem a equidade social e uma governança corporativa robusta. A obtenção da certificação ESG envolve, portanto, uma avaliação minuciosa sobre impacto ambiental, práticas sociais e governança, detalhando auditorias de emissão de carbono, diversidade e inclusão.

A certificação ESG é mais do que uma tendência passageira no setor imobiliário brasileiro — é uma necessidade crítica. Ao adotar essas práticas, as empresas colhem não apenas benefícios financeiros significativos e reputacionais duradouros, mas também garantem seu lugar em um mercado que valoriza a sustentabilidade e a responsabilidade corporativa.