ARTIGO PSJ
O Direito de Multipropriedade na Regularização Imobiliária
1. Introdução | 2. O Conceito de Multipropriedade | 3. Aspectos Legais da Multipropriedade | 4. Regularização Imobiliária na Multipropriedade | 5. Legislação Aplicável e Tendências Globais | 6. Conclusão
1. Introdução:
O direito de multipropriedade tem emergido como uma alternativa inovadora no cenário imobiliário contemporâneo, oferecendo oportunidades de compartilhamento e uso eficiente de propriedades entre múltiplos proprietários.
Este artigo explora os aspectos legais e de regularização associados à multipropriedade, destacando sua importância no contexto do direito imobiliário.
2. O Conceito de Multipropriedade:
A multipropriedade está prevista no Código Civil e refere-se a um tipo de condomínio em que cada um dos proprietários de um mesmo imóvel é titular de uma fração de tempo, à qual corresponde a faculdade de uso e gozo, com exclusividade, da totalidade do imóvel, a ser exercida de forma alternada.
Nesses casos, é possível comprar, por exemplo, o mês de dezembro inteiro ou qualquer outro período de tempo, conforme a preferência do adquirente, de maneira exclusiva, mantendo-se a propriedade do restante do ano para outros coproprietários.
Observe-se que, na multipropriedade, o fator de destaque é a divisão temporal no aproveitamento exclusivo da titularidade do imóvel.
Isso pode se aplicar a diversos tipos de imóveis, como residências de férias, apartamentos ou até mesmo empreendimentos comerciais. Cada proprietário possui uma fração de tempo ou de uso sobre a propriedade, estabelecida por ato entre vivos ou testamento
Sob o prisma legal, a multipropriedade envolve a divisão dos direitos de propriedade, incluindo o direito de uso e gozo do imóvel em momentos determinados. Este modelo requer e elaboração de instrumentos detalhados que estabeleçam os direitos e responsabilidades de cada coproprietário,
bem como as regras para a gestão e manutenção da propriedade compartilhada.
3. Aspectos Legais da Multipropriedade:
Os instrumentos por meio dos quais são instituídas as multiproriedades são de fundamental importância e devem ser elaborados de forma precisa, abordando aspectos como a divisão de tempo de uso, obrigações financeiras, custos de manutenção e regras para a resolução de conflitos entre os coproprietários. É fundamental que tais instrumentos estejam em conformidade com a legislação e incluam cláusulas claras sobre a transferência de direitos.
Ademais, existem os direitos e deveres dos coproprietários, que possuem domínios específicos sobre a propriedade durante seus períodos de tempo designados, mas também devem cumprir obrigações relacionadas à manutenção e conservação do imóvel. Questões como uso inadequado, alterações estruturais e despesas adicionais precisam ser cuidadosamente discutidas e/ou descritas no instrumento.
A legislação em muitos países busca proteger os interesses dos coproprietários, estabelecendo diretrizes para transparência nas operações e resolução de disputas. Isso pode incluir a obrigação de fornecer informações detalhadas sobre a propriedade e seus custos associados.
4. Regularização Imobiliária na Multipropriedade:
A regularização imobiliária desempenha um papel crucial na segurança e legitimidade da multipropriedade. Envolve procedimentos para registrar adequadamente a propriedade compartilhada e garantir sua conformidade com os requisitos legais.
Na regularização imobiliária, são considerados alguns fatores essenciais para a consolidação da multipropriedade. Dentre eles, o principal é o registro da multipropriedade junto ao Registro Geral de Imóvel competente, garantindo sua validade legal. De praxe, também se trata da própria legalização da propriedade, que deve estar regularizada de acordo com as normas, incluindo o registro de propriedade fracionada, se aplicável. Deve se atentar, igualmente, para as obrigações fiscais individuais, como o pagamento de taxas de condomínio e impostos relacionados à propriedade, como o IPTU e demais tributos, dependendo do tipo de imóvel.
5. Legislação Aplicável e Tendências Globais:
Diversos países têm legislação específica para regulamentar a multipropriedade, visando à proteção dos interesses dos consumidores e à promoção do desenvolvimento sustentável do mercado imobiliário. Tendências recentes mostram uma crescente aceitação e adoção da multipropriedade como uma forma eficaz de uso compartilhado de ativos imobiliários.
No Brasil, por exemplo, a Lei da Multipropriedade (Lei nº 13.777/2018) estabeleceu regras claras para a multipropriedade imobiliária, definindo direitos e responsabilidades dos coproprietários. Essa legislação buscou fornecer um arcabouço jurídico para o desenvolvimento do setor, garantindo transparência e segurança às transações.
6. Conclusão:
Em conclusão, o direito de multipropriedade representa uma abordagem inovadora para o compartilhamento de propriedades, oferecendo benefícios tanto para os proprietários quanto para o mercado imobiliário como um todo.
No entanto, sua implementação bem-sucedida requer uma compreensão abrangente dos aspectos legais e de regularização envolvidos. É essencial que os envolvidos busquem orientação profissional adequada para garantir que todos os aspectos da multipropriedade sejam tratados de forma legalmente sólida e transparente.
Bibliografia:
- BRASIL. Lei nº 13.777/2018. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/56419006/do1-2018-12-21-lei-n-13-777-de-20-de-dezembro-de-2018-56418854
- BRASIL. Lei nº 6.015/1973. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6015compilada.htm
- GANEFF, Caio. Aspectos da disciplina geral da multipropriedade imobiliária. 2019. 72 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito) - Faculdade Nacional de Direito, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://pantheon.ufrj.br/handle/11422/11324